Situação é mais grave na região do Alto Oeste
O abastecimento de água nos 139 municípios em
estado de emergência depende da antiga prática de transporte de água por
caminhões - em voga em todo Nordeste. Nas casas de 29.774 famílias
potiguares de 72 municípios, o líquido há muito escasso nas torneiras já chega
por meio de carros pipas, operados pelo Exército Brasileiro. Outras medidas,
como instalação de cisternas e sistemas simplificados de abastecimentos,
aguardam a liberação dos R$ 15 milhões pleiteados pelo governo do Estado junto
ao Ministério da Integração, no início desta semana, dia 23.
Do total de cidades atingidas pela seca,
somente nove não usam os reservatórios da Companhia de Água e Esgotos do Rio
Grande do Norte (Caern) para o abastecimento de água - cuja demanda é atendida
por sistema de adutoras. A deficiência na oferta de água se explica na área de
atuação da concessionária, segundo o diretor presidente da Caern Yuri Tasso
Duarte Queiroz Pinto. A cobertura do abastecimento de água no Estado, de 95%,
se limita a área urbana.
As comunidades são atendidas por sistemas
autônomos, como barreiros e açudes, financiados com recursos dos governos
estaduais e federais. No plano estadual de convivência com a seca, explica o
diretor presidente da Caern, a Companhia participa indicando pontos de
abastecimentos e realizando serviços de extensão de redes e esgotamento
sanitário. A Caern repassou à Defesa Civil possíveis pontos de abastecimento em
41 municípios do Estado, que dispõem de reservatórios da concessionária. A
oferta de água é considerada suficiente para atender a demanda em cidades
vizinhas, sem comprometer o abastecimento local.
Nos municípios de Luís Gomes e Antônio Martins,
na região do Alto Oeste Potiguar, a situação é considerada mais preocupante. Os
mananciais responsáveis pelo abastecimento secaram. Com a suspensão do serviço
de transporte e distribuição de água pelos militares, o que aconteceu há 45
dias, a Caern assumiu a a oferta de água nestas cidades. A operação iniciada em
novembro passado consumiu R$ 250 mil, segundo o diretor presidente, de um
orçamento de R$ 400 mil para ações de convivência com a seca. A Caern
complementa o abastecimento por carro-pipas também em Patu, João Dias e São Miguel.
O número de famílias atendidas por
carros-pipas deverá ser ampliado, até o final do ano, "atingindo a
totalidade das cidades afetadas pela estiagem", segundo estimativa do
diretor presidente da Caern. Para isso, municípios e Exército, por meio do
Governo Federal deverão firmar novas parcerias. "Se a Caern tiver de
assumir mais municípios será necessário um aporte de recursos, o governo terá
de captar", diz Yuri Tasso.
Da Tribuna do Norte
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