sexta-feira, 18 de maio de 2012

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A realização ficou na responsabilidade dos membros do Conselho Tutelar que convidaram autoridades do município para proferir a palestra, dentre os palestrantes estiveram presente; Lourival Filgueiredo, sargento da cidade, Dr. Vanda Campos vereadora, Solange Pinto Presidente do COMDICA e Hugo, enfermeiro de Viçosa. Os palestrantes destacaram a importância desta campanha, conclamando toda a sociedade a participar e lembrando aos presentes que o Disque 100 é uma ferramenta segura, pois não é necessária a identificação de quem está ajudando a combater este crime bárbaro que penaliza o ser humano por toda a sua existência.
Há mais de 30 anos, a garota Araceli Cabrera, de oito anos, foi sequestrada, drogada, estuprada e assassinada no Espírito Santo. A partir de 2000, a pequena garota se tornou símbolo de uma luta em todo país com a instituição do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescentes, celebrado todo o dia 18 de maio, como um marco para reforçar a luta diante dessa mazela social.

A lei mudou para aperfeiçoar e intensificar o trabalho de combate contra crimes dessa natureza com o reforço do artigo 214-A no Código Penal em 2009. A Lei define o “estupro de vulnerável” e qualifica o crime como hediondo, nos casos de conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, cuja pena foi definida entre 8 e 15 anos.
Mesmo com tantos esforços, segundo relatório realizado pela Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), em todo o ano de 2011, foram recebidas e encaminhadas pelo Disque 100 (Disque Direitos Humanos) 91.932 denúncias, o triplo das registradas em todo o ano de 2010. De acordo com o documento, a maioria das denúncias foi registrada na região Nordeste, seguido por Sudeste, Norte, Sul e Centro-Oeste.
Aqui no Rio Grande do Norte não tem sido diferente e a violência contra crianças e adolescentes tem crescido de forma assustadora no estado. Nos quatro primeiros meses de 2012, a Delegacia Especializada de Defesa da Criança e do Adolescente (DCA) já instaurou mais de 70 inquéritos. Somente neste ano, 263 ocorrências, sendo 135 relativas a maus tratos e outras 95 a estupro contra menores.

Para apurar casos em todo o Estado, há um delegado, um escrivão e 12 agentes de polícia. A estrutura deficitária contrasta com os objetivos do equipamento público que tem realizado campanhas para que sejam feitas denúncias, sem que haja condições de investigá-las.
Por se tratar de crimes cometidos contra crianças, o acompanhamento psicológico é fundamental para se alcançar informações e se chegar à autoria de um delito. É fundamental que as delegacias possuam uma equipe multidisciplinar com psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais para auxiliar as investigações conduzidas.

A Delegacia Especializada da Criança e Adolescente não tem condições sequer de atender a demanda em Natal, mas acaba por atender casos das cidades de Parnamirim e Mossoró. Sem a possibilidade de realizar diligência, o processo de investigação fica comprometido e os casos acabam por não ser elucidados.

A omissão na hora de denunciar os abusadores nos órgãos responsáveis contribui com as estatísticas negativas. A vítima costuma ser alvo de represálias e, na maioria dos casos, o abuso é intrafamiliar, envolve padrastos, pais, tios, primos, avós e amigos da família.
Para chegarmos a uma rede eficiente de combate, é condição imprescindível a mobilização e articulação dos setores, determinar uma matriz clara de responsabilidades, fortalecer a rede de atendimento e trabalhar de forma paralela a prevenção e o estímulo ao protagonismo juvenil.

É público e notório que a exploração sexual de crianças e adolescente ainda é um desafio a ser superado pelo estado brasileiro, mesmo com 20 anos de vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente que garantiu maior proteção a esse grupo da população.

Enfim, a responsabilidade é de todos nós quando uma criança ou adolescente é vítima de violência sexual não falham só as instituições estatais, junto com elas, falhamos eu e você, ou seja, toda a sociedade.